quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Pintura e Cinema - por Helena Martinho da Rocha

Meus quadros falam da estranheza, sendo influenciados pela artista Marlene Dumas, pelo expressionismo alemão do cinema de Murnau e por artistas como James Ensor, Otto Dix, Emil Nolte, e a corrente norte-americana denominada Bad Painting.

O que quero abordar na minha pintura? A vida e a morte.

Um homem com uma navalha está prestes a cortar a garganta de uma mulher. As outras personagens contornam essa imagem principal no centro do quadro. Uma menina está no lado direito do quadro usando um vestido leve e esvoaçante. Ela dança na areia da praia, segurando fitas vermelhas que voam ao movimento do vento e dos seus braços. O vestido e as fitas em movimento ampliam os sentimentos de vida e dinamismo. Na imagem da menina vemos as ondas do mar. O mar simboliza o movimento, a vida, o tempo. A simbologia do mar no rosto da mulher fala de um paradoxo da vida enfrentando a morte. A vida se perdendo na cena do crime. Parto do filme do Bergman, "Vida de marionetes". Há também o paradoxo da placidez do rosto da personagem com a ação do assassino. Este quadro tem uma atmosfera onírica.

Desejo abordar várias situações que se sobrepoem às outras. Alguns espectadores estão olhando para trás, para nós que olhamos o quadro. Olham para quem olha o quadro, enquanto outros olham para frente, para cena de crime. Assim, cria-se uma dúvida. Alguns espectadores estão com máscaras que simbolizam uma atitude humana, sentimentos que devem ser escondidos. Essas pessoas não podem mostrar claramente os seus sentimentos e se escondem por trás de máscaras.

por Helena Martinho da Rocha, Rio, agosto, 2012.


 

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