terça-feira, 17 de julho de 2012

Processo Amnésia/Anamnésia - Cláudia Laux


Memória [detalhe trabalhos sobrepostos]
Nanquim s/ papel vegetal
2012

Anamnese: 1 Med. Histórico de uma doença feito pelo médico com base nas informações colhidas com o paciente ;  2 Ret. Figura pela qual o orador finge recordar-se de algo que havia esquecido. ;  3 P.ext. Recordação, reminiscência. [F.: Do gr. anámnésis, eós. Sin. ger.: anamnésia.
Lete “Esquecimento”, nome de um dos rios dos infernos. Divindade alegórica, filha da Noite (ou de Eris, a Discórdia) e irmã da Morte e do Sono. Fonte do Esquecimento (Lete) e da Memória (Mnémosyné) Ou rio dos INFERNOS, cujas  águas faziam os mortos esquecer todo o passado, ou o que tinham visto nos infernos
Trato de questões que dialogam entre si como o que o espaço em branco faz com as marcas de grafismo, especialmente nos trabalhos em papel vegetal. Elas evocam um estado mental. Penso em espaços e territórios, com fronteiras nítidas ou quase apagadas, como tudo aquilo que se retém e que se perde, ao longo do tempo.*
Memória longa [detalhe - 600cm]
Nanquim e guache s/ papel vegetal
2012
Prossigo um caminho de investigação sobre o território imaginário da memória trabalhando com economia – principalmente pela simples aplicação da tinta nanquim, ou de guache diluído, sobre o papel vegetal. Transparente, ele se deforma. Sequências e fragmentos apresentam-se em redes. Os espaços que se formam entre os grupos de alvéolos tomam maior importância; conforme o trabalho, são recobertos por linhas, laços que os ligam. Ilhas falam de apagamento, de esquecimento (cf. texto Deleuze).
A aplicação com penas japonesas permite variar a espessura e a intensidade de traço, marcando diferentemente o papel. Permite também, em alguns casos, que a tinta não seja mais usada, apenas água sendo colocada sobre o papel. As cicatrizes formam casulos, que se ligam em cachos, unindo-se às vezes.

por Cláudia Laux
Julho 2012


* Penso também em espaços que lutam um contra o outro, como o mar e a terra, um sobre a outra, a terra reunindo suas forças para romper a superfície daquele, no texto de Deleuze sobre as ilhas desertas; como a memória para romper o esquecimento que a recobre. (DELEUZE, Gilles. A Ilha Deserta e Outros Textos. São Paulo: Iluminuras, 2004.)

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